sábado, 29 de janeiro de 2011

PARE O "ESTUPRO CORRETIVO"


Caros amigos,

"O estupro corretivo”, a prática cruel de estuprar lésbicas para “curar” sua homossexualidade, está se tornando uma crise na África do Sul. Porém, ativistas corajosas estão apelando ao mundo para pôr fim a estes crimes monstruosos. O governo sul africando finalmente está respondendo -- vamos apoiá-las. Assine a petição e divulgue para os seus amigos!

Millicent Gaika (foto) foi atada, estrangulada, torturada e estuprada durante 5 horas por um homem que dizia estar “curando-a” do lesbianismo. Por pouco não sobrevive Infelizmente Millicent não é a únca, este crime horrendo é recorrente na África do Sul, onde lésbicas vivem aterrorizadas com ameaças de ataques. O mais triste é que jamais alguém foi condenado por “estupro corretivo”.

CLIQUE AQUI E ASSINE A PETIÇÃO!

De forma surpreendente, desde um abrigo secreto na Cidade do Cabo, algumas ativistas corajosas estão arriscando as suas vidas para garantir que o caso da Millicent sirva para suscitar mudanças. O apelo lançado ao Ministério da Justiça teve forte repercussão, ultrapassando 140.000 assinaturas e forçando-o a responder ao caso em televisão nacional. Porém, o Ministro ainda não respondeu às demandas por ações concretas.

Vamos expor este horror em todos os cantos do mundo -- se um grande número de pessoas aderirem, conseguiremos amplificar e escalar esta campanha, levando-a diretamente ao Presidente Zuma, autoridade máxima na garantia dos direitos constitucionais. Vamos exigir de Zuma e do Ministro da Justiça que condenem publicamente o “estupro corretivo”, criminalizando crimes de homofobia e garantindo a implementação imediata de educação pública e proteção para os sobreviventes. Assine a petição agora e compartilhe -- nós a entregaremos ao governo da África do Sul com os nossos parceiros na Cidade do Cabo: https://secure.avaaz.org/po/stop_corrective_rape/?vl

A África do Sul, chamada de Nação Arco-Íris, é reverenciada globalmente pelos seus esforços pós-apartheid contra a discriminação. Ela foi o primeiro país a proteger constitucionalmente cidadãos da discriminação baseada na sexualidade. Porém, a Cidade do Cabo não é a única, a ONG local Luleki Sizwe registrou mais de um “estupro corretivo” por dia e o predomínio da impunidade.

O “estupro corretivo” é baseado na noção absurda e falsa de que lésbicas podem ser estupradas para “se tornarem heterossexuais”, mas este ato horrendo não é classificado como crime de discriminação na África do Sul. As vítimas geralmente são mulheres homossexuais, negras, pobres e profundamente marginalizadas. Até mesmo o estupro grupal e o assassinato da Eudy Simelane, heroína nacional e estrela da seleção feminina de futebol da África do Sul em 2008, não mudou a situação. Na semana passada, o Ministro Radebe insistiu que o motivo de crime é irrelevante em casos de “estupro corretivo”.

A África do Sul é a capital do estupro do mundo. Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler. Surpreendentemente, um quarto das meninas sul-africanas são estupradas antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a fazer sexo não é um ato de violência), pobreza, ocupações massificadas, desemprego, homens marginalizados, indiferença da comunidade -- e mais do que tudo -- os poucos casos que são corajosamente denunciados às autoridades, acabam no descaso da polícia e a impunidade.

Isto é uma catástrofe humana. Mas a Luleki Sizwe e parceiros do Change.org abriram uma fresta na janela da esperança para reagir. Se o mundo todo aderir agora, nós conseguiremos justiça para a Millicent e um compromisso nacional para combater o “estupro corretivo”:
https://secure.avaaz.org/po/stop_corrective_rape/?vl

Está é uma batalha da pobreza, do machismo e da homofobia. Acabar com a cultura do estupro requere uma liderança ousada e ações direcionadas, para assim trazer mudanças para a África do Sul e todo o continente. O Presidente Zuma é um Zulu tradicional, ele mesmo foi ao tribunal acusado de estupro. Porém, ele também criticou a prisão de um casal gay no Malawi no ano passado, e após forte pressão nacional e internacional, a África do Sul finalmente aprovou uma resolução da ONU que se opõe a assassinatos extrajudiciais relacionados a orientação sexual.
Se um grande número de nós participarmos neste chamado por justiça, nós poderemos convencer Zuma a se engajar, levando adiante ações governamentais cruciais e iniciando um debate nacional que poderá influenciar a atitude pública em relação ao estupro e homofobia na África do Sul. Assine agora e depois divulgue: https://secure.avaaz.org/po/stop_corrective_rape/?vl

Em casos como o da Millicent, é fácil perder a esperança. Mas quando cidadãos se unem em uma única voz, nós podemos ter sucesso em mudar práticas e normas injustas, porém aceitas pela sociedade. No ano passado, na Uganda, nós tivemos sucesso em conseguir uma onda massiva de pressão popular sobre o governo, obrigando-o a engavetar uma proposta de lei que iria condenar à morte gays da Uganda. Foi a pressão global em solidariedade a ativistas nacionais corajosos que pressionaram os líderes da África do Sul a lidarem com a crise da AIDS que estava tomando o país. Vamos nos unir agora e defender um mundo onde cada ser humano poderá viver livre do medo do abuso e violência.

Com esperança e determinação,
Alice, Ricken, Maria Paz, David e toda a equipe da Avaaz


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O PORQUÊ DO PRECONCEITO



Qual a razão de tanta rejeição das pessoas homofóbicas para com pessoas LGBT’s?

A razão é simples: machismo! E tanto mulheres, quanto homens são machistas!

Em nossa cultura, herdeira das culturas judaica e greco-romana, há uma distinção bem específica de papeis e identidade de gênero, do que é ser macho e do que é ser fêmea, do que se deve vestir, aparência física, corte de cabelo, uso de adereços e maquilagem, atitudes e posturas, gestos, profissões, papéis familiares, etc. E essa distinção em si acaba sendo problemática devido ao machismo, que é milenar, falacioso e péssimo.

A mulher é considerada inferior ao homem. As mulheres se consideram inferior e os homens também assim pensam. É esse machismo que considera o homoerotismo e a identidade transgênero uma aberração. “Como pode um homem ser mulherzinha de outro homem, ser penetrado por outro homem, fazendo-o de fêmea? Como pode uma mulher fazer papel de homem com outra mulher? Como pode um homem se travestir de mulher? Como pode uma mulher se travestir de homem? Fazer cirurgia de mudança de sexo então, nem pensar, que absurdo!”

E quando aqui fala-se de machismo, não se deve pensar apenas que heterossexuais são machistas. As pessoas LBGT’s também são machistas e preconceituosas: “Nossa, como é chato essas bichas se desmunhecando, isso prejudica a imagem de homossexuais que são discretos! A gente faz tanto esforço para passar desapercebido nos meios sociais e vem essas bichinhas se quebrando e denegrindo a imagem daqueles que tentam se aceitáveis socialmente”...

Bem, o preconceito está aí! E ele é resultado da tentativa de padronização do comportamento humano, onde só pode haver “mulher fêmea passiva subordinada” e “homem macho ativo opressor”. Não há espaço para a androginia, para a multiplicidade de papéis, de comportamentos e de aparências. Não há espaço para bichas, para travestis, para sapatonas caminhoneiras, para bissexuais poligâmicos. Uma bicha se desmunhecando é um agressão aos olhos sensíveis de homens e mulheres de família, para gays e lésbicas de famílias.

Uma outra desculpa para o auto-preconceito é a questão dos esteriótipos. Eles são machistas e de visão limitada. Quem consegue perceber a diversidade humana, verá que existem homens heterossexuais andróginos afeminados e homens homossexuais “machões”, mulheres homossexuais afeminadas e heterossexuais andróginas másculas, homens homossexuais afeminados, mulheres homossexuais másculas, homens heterossexuais másculos, mulheres homossexuais afeminadas, além de muitas outras matizes de comportamento social, sexual, cultural e afetivo. Não existe apenas um padrão de heterossexual e de homossexual. Existem inúmeros padrões. O problema é a miopia, é a incapacidade perceptual imposta pelo machismo, onde “pessoas de família” não conseguem perceber muito além do próprio umbigo e acham que só existem um único jeito de ser família, um único jeito de ser cidadão, um único jeito de ser humano.

É necessário que as pessoas LGBT’s percebam esse preconceito existente dentro de si e tentem combatê-lo. Cada um deve ser do jeito que é, não há necessidade de mudanças de comportamento, mas é preciso a aceitação do outro, para que haja a convivência. Como ser aceito e respeitado se eu não aceito e respeito o outro, do jeito que ele é? Claro que existe um conselho do Apóstolo Paulo em uma de suas cartas, na bíblia: tudo posso, mas nem tudo me convém! Cada um deve se comportar de maneira a não ofender o outro, respeitar para ser respeitado. Mas isto não quer dizer padronização. O respeito e a autenticidade podem caminhar juntos. Respeitar não quer dizer aceitar as imposturas do outro. O respeito deve vir da consideração pelo outro e essa consideração tem que ser em mão dupla, preferencialmente, mas se não for, que seja você o primeiro a respeitar e considerar o oponente com carinho e amor!

Dentro de todo esse contexto entra a Igreja, e aqui especialmente a Paróquia Anglicana de São Felipe com sua Pastoral da Diversidade Sexual, para mostrar que existem muitas maneiras de ser humano, para tentar curar o preconceito através de educação, confronto com a diferença e vivência mística.

Aurelio de Melo Barbosa – Janeiro de 2011.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CARTA ABERTA DE UM PAI E SACERDOTE ANGLICANO (postado pela segunda vez)

Goiânia, advento de 2008.

Queridos pais e mães de filhos especiais,
Solidariedade e Paz!

É um pouco difícil começar esta carta sem conhecê-los, um a um, olhando nos seus olhos. Se isso fosse possível, tentaria captar os desafios e possibilidades de cada um de vocês apresentam em função da sua história de vida.
Mas como pai de 4 filhos, 3 meninos e uma menina, casado a 22 anos e sacerdote da Igreja Anglicana por 25 anos, posso desse lugar tentar compreender os grandes desafios que pais e mães de filhos especiais possuem no seu dia a dia.

Quero designar como “filho especial” aquele que foge de alguma forma ao censo comum. Nesse caso os doentes mentais, os super dotados, os deficientes físicos e os homossexuais, considero-os como pessoas especiais. Os filhos especiais e seus pais sofrem pré-conceitos e discriminações por parte de toda a sociedade. Sei que todos os pais e mães de filhos especiais podem compartilhar a mesma dor e o mesmo prazer – ser o progenitor e progenitora de um ser incomum e por essa razão – ESPECIAL.

Para compreender e aceitar a homossexualidade como a aceito hoje, Deus me permitiu três grandes encontros em minha vida:
Meu primeiro encontro com a questão homossexual foi quando, já casado e pai dos meus primeiros dois filhos, encontrei um amigo de trabalho que era homossexual assumido. Eu nunca tinha tido um contato tão próximo com um homossexual. Sua postura aberta e assumida me incomodava profundamente. Em um certo momento minha carga pré-conceituosa se explicitou e então meu amigo percebeu que eu tinha problemas com sua sexualidade homoafetiva. Foi então que ele me disse: - Elias você algum dia pensou que um de seus filhos pode ser um homossexual? Portanto pense nisso! ....E eu comecei a pensar nisso profundamente.

Tive um segundo encontro com a questão homossexual que me impactou profundamente. Fui convidado a participar de um encontro ecumênico e um dos seus integrantes conhecido como homossexual foi escalado pela coordenação do evento a dividir o quarto do hotel comigo durante os 3 dias do encontro. Nesse momento minhas reminiscências preconceituosas vieram à tona novamente. Eu poderia recusar aquela indicação de hospedagem que havia sido feita. Mas resolvi aceitar o desafio de dividir o quarto com esse colega homossexual. Naqueles 3 dias aconteceu um grande ENCONTRO onde deixamos cair as máscaras da hipocrisia. Consegui ver naquela pessoa um grande ser humano e ultrapassei a barreira do preconceito e nos tornamos grandes amigos. Eu aprendi a respeitar a sua homoafetividade e ele aprendeu a respeitar a minha heteroafetividade.
Um terceiro encontro muito significativo ocorreu a alguns poucos anos atrás, quando convidei uma pessoa que havia conhecido a participar de nossa comunidade anglicana em Goiânia-GO. Aceitando meu convite, certo dia ele me mandou um e-mail dizendo da sua condição homossexual e me perguntava se a Igreja Anglicana o acolheria nessa condição e eu respondi exatamente assim:
“ Parabenizo você pela sua coragem em iniciar esse diálogo. Sei o quanto esse início de conversa é difícil e doloroso. Minha primeira palavra a você é de acolhimento e respeito. Acolho você não por ser homossexual simplesmente, mas antes de tudo por ser filho de Deus e portanto, carregar a sua imagem e semelhança. Sua homossexualidade é parte de você e portanto merece todo o nosso respeito e apresso. Não podemos receber Jesus em nossas vidas se não estivermos prontos a receber os pobres e marginalizados desse mundo. Eu tento viver essa palavra do Evangelho todos os dias de minha vida. Estamos experimentado na Paróquia São Felipe a inclusividade radical do Evangelho. Temos por lá atualmente pessoas que cumprem pena judicial, analfabetos, mães solteiras, doentes mentais, deficientes físicos, negros, brancos, prostitutas, sem-teto, classe média, pobres, doutores e homossexuais. Você não é o primeiro irmão que acolhemos nessa condição. Portanto seja bem vindo”.

Minha compreensão sobre a homoafetividade foi mudando ao longo de minha história de vida. Fui avaliando com mais profundidade a minha condição sexual e nessa medida a homoafetiva deixou de me incomodar. Hoje não há nenhum temor ou pré-conceito na convivência com esse segmento de nossa sociedade.

Queridos pais e mães dos milhares de filhos e filhas especiais, principalmente dos filhos homoafetivos, o plano de salvação de Jesus é para todas as pessoas. Acreditem no amor radical de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele venceu todos os pré-conceitos, pois conseguia ver o coração humano, vencendo assim todas as aparências e limites impostos principalmente pela religião de seu tempo.

Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, eis aí o grande mandamento! Precisamos ler toda e interpretar toda a Bíblia a partir desse novo olhar que nos é posto por Jesus.
Portanto nunca desistam de seus filhos. Eles são a imagem e semelhança de Deus e carregam a carga genética de seus pais. Eles são parte de vocês e a continuação de sua s história de vida. Não desistam nunca de seus filhos!

Não é possível criar formas de amar legítimas e formas de amar ilegítimas. Infelizmente é assim que nossa sociedade se construiu. Ela tenta controlar o amor. Porém o amor não nos pertence, ele é um dom que vem de Deus e que nos é dado gratuitamente. Por essa razão todas as formas de amar são legítimas, mesmo que elas transgridam nossos códigos morais e religiosos. O Espírito de Deus age onde quer e não onde nós desejamos. Por isso devemos repetir sempre: Toda forma de amar é legítima e tem a bênção de Deus.
Hoje a ciência pode comprovar por vários estudos realizados que a homoafetividade não é uma opção do indivíduo e sim é constitutiva do mesmo. Assim sendo ninguém pode ser responsabilizado por ser homossexual. Nos tempos bíblicos não havia nenhuma possibilidade de compreender isso. A ciência não tinha o alcance que tem hoje. Por essa razão em alguns poucos lugares na Bíblia o homossexualismo é condenado. Nessa mesma medida os leprosos eram condenados, as mulheres eram condenadas, os estrangeiros eram condenados, as mães solteiras eram condenadas. Jesus ao falar de amor como princípio de construção de seu Reino, deu as costas para o legalismo judaico e colocou o ser humano como o centro de seu interesse. Jesus nunca teve uma só palavra recriminatória aos homossexuais.

Assim sendo nunca abandonem os seus filhos que precisarão de vocês como uma fonte de reconstrução de suas vidas ao assumirem sua condição homossexual. Vocês serão para eles a força, a coragem a esperança que necessitarão para afirmarem-se como cidadãos e seres humanos. Desfrutem dessa dádiva que Deus colocou em suas vidas. Lembrem que no início desta carta disse que os homossexuais são filhos especiais. Entendam assim a vida de seus filhos – um presente especial de Deus. Os filhos especiais possuem habilidades jamais encontradas nos filhos do censo comum. Desfrutem ao máximo a sua companhia. Amem sem reservas os seus filhos, pois o sucesso de cada um deles na vida dependerá exclusivamente do volume e da qualidade do amor por nós dedicada a eles.
O amor além de ser vivenciado é necessário ser verbalizado. Diga a seus filhos e filhas que você os ama. Abrace e beije os seus filhos sempre que isso for possível.
Nunca dê lugar a aquilo que os outros poderão pensar a respeito de seu filho especial. Pensando assim muitos pais perderam seus filhos para o pré-conceito.

Sobretudo sejam pacientes com seus filhos e com vocês mesmos. Um pré-conceito não se muda apenas por desejo ou por uma vontade. Só se vence o pré-conceito com encontros humanos. É necessário encontrar-se com o outro que motiva nosso pré-conceito. Em minha vida tive três grandes encontros com homossexuais para poder mudar minha forma de convívio e de aceitação dos mesmos.

Não desistam nunca de seus filhos e filhas, pois Deus NUNCA desiste de cada um de nós.

Um grande e forte abraço de um amigo e irmão, na fé do Cristo que liberta a todos os que estão presos nas amarras desse mundo.

Reverendo Elias Mayer Vergara, OST
Sacerdote da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, mestre em ciências da religião (UCG) e psicanalista (SPOB).

Discurso de uma Mãe...


"Homossexualidade é pecado".
"Os gays estão condenados a passar a eternidade no inferno".
"Se quiserem mudar, eles podem ser curados dessa condição vil".
"Se eles resistirem à tentação, eles podem ser normais novamente".
"Devem se esforçar cada vez mais, quando não funcionar".

"Foi isso que eu disse ao meu filho Bobby, quando descobri que ele era gay. Quando ele me disse que era homossexual, meu mundo acabou. Eu fiz tudo que pude para curá-lo dessa 'doença'. Oito meses depois, ele pulou de um viaduto e se matou. Eu me arrependo profundamente por minha ignorância sobre as lésbicas e gays. Eu percebo que tudo que me disseram e ensinaram era odioso e desumano. Se eu tivesse investigado as coisas, além do que estava sendo me dito, se eu apenas... tivesse ouvido o meu filho... quando ele me entregou o seu coração, eu não estaria aqui hoje diante de vocês terrivelmente arrependida.

Creio que Deus amava o espírito adorável e bondoso de Bobby. Aos olhos de Deus, bondade e amor são tudo o que importa. Naquele tempo, eu não sabia que cada vez que eu dizia que os gays queimariam no inferno, que cada vez que eu me referia à Bobby como doente, pervertido ou perigoso para as crianças, sua auto-estima e valor próprio eram destruídos, até que... seu espírito se quebrou, além de qualquer conserto. Não foi a vontade de Deus que Bobby subisse naquele viaduto sobre a rodovia e se atirasse debaixo de um caminhão de 18 rodas que o matou instantaneamente.

A morte de Bobby foi o resultado direto da ignorância e medo de seus pais da palavra 'gay'. Ele sonhava em ser escritor. As esperanças e sonhos de Bobby não deveriam ter sido tomados dele, mas... foram. Há crianças como Bobby sentadas em suas congregações. Mesmo que vocês não as conheçam, elas estarão ouvindo... e enquanto vocês ecoam 'amém'... em silêncio elas rezarão à Deus por compreensão, aceitação e pelo amor de vocês. Mas o seu ódio, sua ignorância e seu medo do significado de 'gay' vão silenciar essas preces. Então... antes de você dizer 'amém' em suas casas e em seus templos, pensem... pensem e lembrem... há uma criança ouvindo".
Discurso de Mary Griffith a favor do Dia da Libertação Gay de Walnut Creek (1979).

Mary e Bobby

ALMOST NORMAL (QUASE NORMAL)

Como seria a sociedade se a homoafetividade fosse o padrão de comportamento tido como "normal"?
Se as famílias homoafetivas tratassem como preconceito a heteroafetiviade?
Neste filme podemos ter uma idéia de como atualmente é visto o comportamento das pessoas homossexuais. 
Curios@? Baixe o filme e assista-o.


SINOPSE:
Um rapaz sofre um acidente e entra em coma. E enquanto está inconsciente ele regressa ao passado, quando andava no colégio. E para sua grande surpresa, o considerado “normal” ai é ser homossexual enquanto a heterossexualidade é discriminada, e as mulheres são apenas reprodutoras. O que é uma excelente oportunidade para ele resgatar um passado “mal resolvido” e ter um romance com a sua grande paixão de infância.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Projeto Escola Sem Homofobia




CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA 

PARECER

PROJETO “ESCOLA SEM HOMOFOBIA”

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na escola, a Psicologia apresenta-se como articuladora e facilitadora dos processos de ensino-aprendizagem a partir da compreensão de diferentes aspectos, que vão desde o desenvolvimento humano, dos processos cognitivos, da relação professor-aluno, das relações interpessoais intra-escolares, até o âmbito das políticas públicas.

De forma geral, a Psicologia - ciência e profissão - tem evidenciado esforços no sentido de contribuir para a emancipação humana, não somente através de suas intervenções cotidianas, mas também na produção científica de conhecimento que respalde o entendimento dos processos psíquicos com base em uma concepção promotora do desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos nos diversos meios sociais.

O ambiente escolar é o espaço da sociedade em que a criança e o adolescente aprendem o conteúdo formal – conhecimentos sobre português, matemática, história, geografia, raciocínio lógico-matemático, entre outros – e, juntamente com a família, também o conteúdo informal – valores e regras de convívio nas relações humanas.

Este conteúdo informalmente aprendido no contexto escolar tem importância de tal magnitude que se pode dizer, em muitos casos, que tem maior influência sobre o rumo que toma a vida do jovem do que o conteúdo formalmente aprendido. Esta percepção leva à necessidade de a escola tomar também para si a responsabilidade sobre os valores e regras ensinados e aprendidos naquele espaço.

Ao educar os estudantes para viverem em sociedade, como agentes críticos, instrumentalizando-os com conhecimentos e habilidades necessárias para fazerem leituras autônomas da realidade, a escola contribui para a construção de uma sociedade mais democrática e solidária. Dessa forma, é de fundamental importância que, ao propiciar de forma sistemática o acesso ao saber historicamente acumulado e necessário à compreensão da prática social na qual o estudante se insere, a escola o faça trazendo para a sala de aula as questões do cotidiano de forma a desvelar o currículo oculto, expresso nas necessidades biopsicossocioculturais que emergem nas relações de ensino-aprendizagem e que não são previstas no currículo formal, com a finalidade de aprimorar a capacidade de diálogo, de análise, de tomada de decisões, a elaboração de propostas de ações coletivas.

O Conselho Federal de Psicologia defende a escola como um serviço público importante. Tempo e espaço que devem ser dedicados à formação e ao fortalecimento ético e social dos estudantes. Lugar onde se construam formas de investigação crítica que dignifiquem o diálogo significativo, a atividade humana. Local que ensine o discurso da associação pública e da responsabilidade social (Giroux, 19971). Pensar, opinar, escutar pontos de vistas diferentes, comparar posturas, posições e soluções são maneiras de desenvolver o pensamento crítico e os valores importantes para um ambiente democrático. É neste contexto que defendemos a discussão dos temas propostos no Projeto Escola Sem Homofobia.

1 GIROUX, H. A. (1997). Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas.

Relações humanas e humanizadoras precisam ser construídas, não surgem espontaneamente. O estabelecimento de relações recíprocas de respeito, cooperação e solidariedade exigem o esforço coletivo da comunidade escolar. De acordo com pesquisas e documentários expostos todos os dias na mídia, o grau de intolerância e violência tem crescido bastante. A escola é um espaço de reprodução dos valores da sociedade na qual está inserida. É na escola que as crianças e adolescentes demonstram o que aprenderam quando estão fora dela, ao passo que também levam para além dos muros escolares o que nela aprenderam.

Professores e alunos podem aprender a ser intolerantes e preconceituosos, como também podem exercer atitudes democráticas e a inclusão, construindo nova realidade social, marcada pela cooperação mútua e solidária, pela defesa da paz social. Deste modo, cabe destacar que historicamente a questão da violência no contexto educacional extrapola as relações entre os membros do corpo discente e se manifesta em diferentes perspectivas: na relação professor-aluno, professor-direção, direção-funcionários, funcionários-professores, professores-professores, dentre outras que conjugam os diversos atores sociais citados, nos exercícios de seus papéis profissionais.

A discussão principal sobre o tema refere-se à necessidade de tratar preconceitos e discriminações que refletem uma violência (verbal, simbólica) reverberando nos espaços de convivência escolar e manifestando-se principalmente na necessidade de adequar a todos e todas num modelo idealizado sócio-culturalmente. Modelo este que tem como prerrogativa comportamentos considerados normais ou saudáveis: o aluno exemplar (disciplinado, que aprende rápido), o aluno limpo (higienizado, sem doenças), o aluno educado (que sempre diz obrigado e por favor), o aluno com família que segue configuração única (com pai e mãe casados e sem problemas conjugais), dentre outras.

Ressaltamos a experiência com a temática das entidades que elaboraram, executaram e apoiam o material a ser veiculado pelo Ministério da Educação (MEC). Tal projeto foi financiado pelo MEC e executado em parceria entre a Pathfinder do Brasil; a Reprolatina - Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva; e a ECOS - Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana (São Paulo-SP); com o apoio da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT); da GALE – Global Alliance for LGBT Education; e da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT do Congresso Nacional.

Enfatizamos que a homossexualidade não é doença, distúrbio, ou mesmo perversão, de acordo com a Resolução CFP nº 001/1999, amparada pela decisão da Organização Mundial de Saúde (OSM), que em 1990 retirou a homossexualidade da lista de doenças expostas na Classificação Internacional de Doenças (CID). A homossexualidade expressa nas diversas identidades de gênero e orientações sexuais compõe parte das possibilidades sexuais do humano, que também inclui a heterossexualidade.

Compreendemos que a matriz da homofobia está no reflexo político da marginalização sócio-histórica dos brasileiros ao direito pleno à informação e à educação, que por sua vez se reflete na dificuldade dos pais, mães, educadores e estudantes em compreender e lidar com o desenvolvimento da sexualidade do outro. Deste modo, o projeto “Escola Sem Homofobia” auxiliará na compreensão, mediação e intervenção nessas lacunas, por meio das capacitações e orientações oferecidas aos educadores, com base em materiais de referência construídos e respaldados de forma técnica-pedagógica pelos seus organizadores, a partir da realidade brasileira.

A seriedade e ética com que essas organizações desenvolveram a pesquisa sobre o tema contribuirão para que uma rede social ampla (autoridades educacionais, educadores, alunos, familiares e comunidades), com atividades de intervenção direta em todo o país, atue em conciliação com uma demanda sócio-educacional emergente no enfrentamento da violência e preconceito imposto pela homofobia. Os materiais de subsídio para a capacitação têm respaldo previsto na discussão e intervenção concreta enquanto tema transversal da educação, até o momento, carente de ações amplas que abordem a diversidade sexual no espaço escolar.

ANÁLISE TÉCNICA

Os materiais apresentados para o Projeto Escola Sem Homofobia estão adequados às faixas etárias e de desenvolvimento afetivo-cognitivo a que se destinam, com linguagem contemporânea e de acordo com a problemática enfrentada na escola na atualidade: a produção de agressões físicas ou psicológicas de pessoas ou grupos que são intimidados e/ou coagidos pelos poucos recursos de defesa apresentados em alguns momentos, ambientes e situações. O fenômeno da violência escolar é marcado com maior índice e frequência pela homofobia, entre outras formas de violências, o que justifica abordar o tema de forma comprometida, possibilitando o enfrentamento nos espaços que promovem torturas, em especial as de âmbito pedagógico e psicossociológicos.

É notório o cuidado didático-pedagógico e qualidade visual com que foi criado e desenvolvido todo o conjunto educacional apresentado no kit – vídeos, livretos, cartilhas, boletins com temas específicos e panfletos. Trata-se de uma produção densa, cuidadosa, bem articulada, com recurso de acessibilidade e dinâmicas para pessoas com deficiência visual e auditiva. Representa material de vanguarda, pois são instrumentos de capacitação e formação continuada para o próprio professor, no sentido de referendar políticas educacionais e de saúde adotadas em âmbito nacional. O Kit reforça a atenção e cuidado com os temas transversais da educação nas relações de ensino-aprendizagem, como no caso do respeito à diversidade sexual.

O material convida o educador a voltar-se para o compromisso ético das competências profissionais, na luta e enfrentamento do sofrimento de adolescentes Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Transgêneros, com proposta de intervenção prática para a redução de problemas diante do alto índice de agressões registradas nas pesquisas prévias.

O Kit aborda aspectos psicológicos e pedagógicos, de modo a facilitar as discussões e a apreensão de novos conhecimentos por parte do professor, privilegiando o modelo participativo-dialógico junto ao corpo docente. Tal metodologia didática é fundamental para garantir que os alunos e alunas em diferentes momentos do seu desenvolvimento possam interagir com o conteúdo de maneira singular, trazendo à tona os questionamentos próprios do seu entendimento da realidade e, em seguida, convida-os a avançar para novas formas de conhecimento sobre o tema.

Além disso, é fruto de construção coletiva envolvendo a parceria de diversas organizações sociais que há muito vêm trabalhando para a superação da homofobia e do preconceito. O material do Projeto Escola Sem Homofobia é marcado por uma concepção epistemológica de compreensão dos indivíduos a partir das suas relações sociais, minimizando o fator biológico e explicações naturalizantes. Tal enfoque é extremamente importante e bem-vindo, pois provoca o enfrentamento necessário nas discussões acerca da constituição da subjetividade humana, desconstruindo concepções higienistas, geneticistas, hormonais e reprodutivistas que são divulgadas no âmbito de algumas religiões, pela mídia e pelo senso comum.

Compreender a construção da subjetividade a partir das relações sociais possibilita ressignificar o entendimento dos dois conceitos-chaves que envolvem a discussão da homofobia: a identidade de gênero e a orientação sexual. Tais conceitos estão bem fundamentados e explicados com clareza no material do referido Projeto.

Cabe destacar que o material também fornece atenção especial à categoria gênero, que é fundante da subjetividade, também desconstruindo sua concepção biologizante-naturalista. Trata-se de uma contribuição inédita no âmbito das políticas públicas de educação para o enfrentamento do sexismo e da violência de gênero, ainda tão marcados na sociedade brasileira.

Assim, as contribuições da Psicologia para a construção de uma escola sem homofobia, e outras formas de preconceito e violência, são trazidas ao abordar a forma como se dá o processo de aprendizagem de gênero, situando o contexto escolar como determinante para esta construção humana. Desta forma, o material alerta para a complexidade da construção da identidade, inclusive sexual, que não pode ser reduzida às explicações ambientais e genéticas.

Acerca da polêmica criada sobre o material, em especial os vídeos, e a possibilidade de influenciar a orientação sexual dos demais alunos, a partir dos conceitos centrais e cientificamente históricos da Psicologia, entendemos que o material não induz o corpo discente e mesmo docente à prática da homossexualidade. Pelo contrário, possibilita que professores e alunos trabalhem o tema diferenciando o que é da ordem da heterossexualidade e da homossexualidade.

Com a aprendizagem do respeito à identidade e à orientação sexual do outro, do que é diferente e por vezes considerado minoria - principal objetivo do projeto, em consonância com uma educação para a de tolerância, paz, solidariedade e colaboração - fortalece-se uma educação inclusiva, já que as diferenças são constitutivas nas diversas sociedades, contextos sociais e culturas.

CONCLUSÃO

O Projeto Escola Sem Homofobia é um instrumento que visa a suprir as lacunas educacionais sobre o tema, ocasionando avanços na compreensão de cidadania plena e equidade de direitos.

Importante seria que outros projetos dessa natureza pudessem ser veiculados não somente no âmbito educacional, mas também em outras redes sociais e na mídia em geral. Tais projetos poderiam discutir os preconceitos sociais que atravessam a sociedade brasileira e que se manifestam no racismo, na homofobia, na violência contra os pobres, às pessoas com deficiência, às pessoas com sofrimento mental, enfim os diversos segmentos que são excluídos e violentados em seus direitos sociais e humanos.



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Profissão Repórter Homossexualidade Parte 4

Profissão Repórter Homossexualidade Parte 3

Profissão Repórter Homossexualidade Parte 2

Profissão Repórter Homossexualidade Parte 1

O Debate sobre a Homossexualidade na Comunhão Anglicana e a “Nova Moralidade” de John Robinson

Nem sempre a Igreja tem ficado de fora da luta pelos direitos humanos dos gays e lésbicas. Sensibilizada pelas afrontas que recebiam da sociedade, a Igreja procurou trabalhar seu posicionamento sobre a questão, principalmente no que diz respeito à dignidade humana dessas pessoas. Possivelmente, o primeiro envolvimento da Igreja na questão, antes de começar o debate sobre a admissão de homossexuais no ministério ordenado tenha sido na década de 50. Nessa época, as práticas homossexuais eram proibidas por lei no Reino Unido e em grande parte da Europa. Na Dinamarca, homossexuais poderiam até mesmo ser punidos com a castração, enquanto que, na Inglaterra, eram aprisionados. Em 1952, o Conselho para o Bem Estar Moral, da Igreja da Inglaterra, iniciou um programa de estudo sobre a questão. 1 O resultado do estudo foi aprovado pelo Sínodo da Igreja. Como conseqüência destes estudos, o governo britânico nomeou uma comissão (Wolfenden Commitee) para tratar do assunto de modo que em 1967, a lei que tratava as práticas homossexuais como crime foi alterada.

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Por que sexualidade?

“Sexo é sempre político”. Sua politicização implica em um esforço contínuo no sentido de eliminar as fronteiras entre o sexo “bom” e o sexo “ruim” que decorrem das “hierarquias de valor sexual” estabelecidas pela religião, pela medicina, pelas políticas públicas e pela cultura popular. Estas hierarquias “funcionam do mesmo modo que os sistemas ideológicos do racismo, do etnocentrismo e do chauvinismo religioso. Elas racionalizam tanto o bem-estar daqueles/as que são sexualmente privilegiados/as quanto a adversidade do ‘populacho’ sexual”. Mas em alguns momentos históricos, as negociações e debates sobre o bom e o mau sexo são “mais agudamente contestadas e abertamente politizadas”. Não é difícil perceber que vivemos num desses períodos.
Estas percepções da feminista norte-americana e ativista dos direitos sexuais Gayle Rubin foram publicadas num artigo há quase duas décadas (1). Contudo, os conflitos éticos e políticos identificados por Rubin, longe de se resolver, se tornaram mais agudos e hoje se desdobram em escala global. No atual contexto – com o ressurgimento do extremismo religioso em suas muitas manifestações –, estão em curso reações violentas contra o feminismo e o movimento LGBT. Ao que se soma a “guerra contra o terror” que racionaliza a militarização persistente e até mesmo a tortura, inclusive a tortura sexual. De um lado, a hegemonia militar e econômica dos EUA, até então gerida por um presidente cristão fundamentalista; de outro, a capacidade das sociedades de limitar o poder dos Estados está debilitada. Em tais circunstâncias, as maiores vítimas são a paz, os direitos humanos e a possibilidade de que as pessoas possam viver suas vidas de forma plena e prazerosa.

Esta é uma época extraordinariamente perigosa para as pessoas que são proscritas por efeito do seu gênero ou de sua sexualidade, sejam elas gays e lésbicas, transgênero, pessoas intersexo, jovens solteiras e solteiros, trabalhadores e trabalhadoras do sexo, ou mesmo mulheres heterossexuais cuja vida erótica e social não obedece a padrões tradicionais. Esse é um tempo especialmente perigoso para mulheres e meninas que se encontram em meio ao fogo cruzado de conflitos étnicos e das guerras civis onde estão sujeitas ao estupro em campos de refugiados ou à contaminação por HIV por homens “predadores” ou negligentes. Como Rubin sugeriu, em tempos assim, a ansiedade popular freqüentemente toma a forma do “pânico moral” que tem como alvo grupos sexualmente marginalizados e vulneráveis. Nessas circunstâncias complexas e difíceis, acreditamos que todas as pessoas cujos direitos à integridade de seus corpos estão ameaçados devem constituir coalizões robustas para defender a justiça social, a justiça de gênero e a justiça erótica.

FONTE: http://www.sxpolitics.org/pt/?cat=26

Princípios de Yogyakarta

Em novembro de 2006, um grupo de especialistas se reuniu em Yogyakarta, Indonésia: especialistas independentes da ONU, integrantes de comitês de direitos humanos, acadêmicas/os e defensoras/es de direitos humanos das pessoas GLBTT. Elas/es adotaram os Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Legislação Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação sexual e identidade de gênero:
 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Igreja Anglicana de São Paulo cria coral masculino gay

Uma inusitada idéia partiu da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, que fica localizada no Centro de São Paulo. A idéia foi criar um coral masculino gay, com o objetivo principal, segundo o maestro Walter Fajardo, incluir os participantes (do coral) na sociedade, através da música, em eventos culturais.


O convite de Walter partiu do reverendo da Igreja, Arthur Cavalcante (atualmente eleito secretátio geral da IEAB) , que iniciou o grupo no dia 21 de Dezembro de 2009. A novidade já conta com a adesão de 12 homens, porém a idéia é chegar a 40 pessoas, a exemplo de outros corais gays masculinos já organizados em outras cidades como Nova Iorque, Londres ou São Francisco.

A Paróquia Santíssima Trindade, local onde o reverendo Cavalcante atua, já recebeu inclusive uma homenagem do Governador José Serra. O prêmio recebido foi o Selo Paulista da Diversidade, que reconhece ações voltadas a grupos discriminados.

Qualquer pessoa pode participar do coral, independente de sua orientação sexual. Os interessados em participar do Coral Masculino Gay de São Paulo devem entrar em contato com a Secretaria da Paróquia da Santíssima Trindade no endereço: Praça Olavo Bilac, 63, Campos Elíseos, São Paulo. Ou ainda pelo telefone: (11) 3667-8161 ou através do e-mail traindade@trindade.org

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A visibilidade homossexual

por Maria Lúcia P. de Oliveira

"Um dia numa sala de aula uma aluna falou: por que eles não ficam no lugar deles, sem agredir os costumes e a moral? A gente não é obrigado a conviver com esse tipo de comportamento, como explicar isso para as crianças?"

Falar sobre relações homoafetivas é entender que o que acontece nas relações entre pessoas do mesmo sexo não se refere apenas a sexualidade, a relações erotizadas. Alguns setores da sociedade ainda consideram o homossexualismo como doença. Temos as dificuldades das famílias em elaborar e aceitar seus filhos como eles são. Temos cidadãos que constroem suas vidas exercendo todos os seus direitos e deveres. Mas temos também os homofóbicos.
As principais organizações mundiais de saúde, incluindo o Conselho Federal de Psicologia, não consideram a homossexualidade uma doença. Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria deixou de classificá-la como doença; nesse mesmo período, também foi retirada do Código Internacional de Doenças. Já em17 de maio de 1990, a assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde declarou que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão".

Contudo, a família, quando o filho ou filha assume sua identidade sexual, sente-se envergonhada e temerosa quanto ao futuro, de seus filhos e dela mesma. A grande maioria de pais sente-se culpada pela orientação sexual de seus filhos. Pergunta que parece inevitável: "Onde foi que eu errei?" As fantasias de ter netos, de ver o filho casado, e a necessidade de enfrentar as cobranças da sociedade são uma tarefa que merece um tempo para ser elaborada. Esses pais precisam também de um tempo para digerir seus medos, suas inseguranças e suas fantasias sobre como enfrentar vizinhos, parentes e preconceitos sociais construídos.

Até há bem pouco tempo, não se discutia a situação dos casais homossexuais, e o que existia eram guetos de homossexuais, a invisibilidade gay, verdadeira segregação social do HOMOSSEXUAL. Hoje estamos vivendo um processo inverso, o da visibilidade. E essa visibilidade parece ofender, provocar a ira daqueles que não toleram dividir o espaço com a diversidade de possibilidades de expressão do sujeito.

Os problemas enfrentados por casais homossexuais passam por todos aqueles de qualquer casal heterossexual e mais aqueles relacionados ao preconceito, à discriminação social. Viver uma relação como casal gay exige um custo emocional muito grande para os parceiros, pois, independentemente da orientação sexual, o que as pessoas buscam é amar, é ter gratificação, realização, é simplesmente "ser humano", ser respeitado.

Mas estamos avançando. Temos hoje uma situação socialmente provocadora, a visibilidade dos casais homossexuais. É um novo modelo conjugal que está sendo construído e que é difícil para os próprios casais, pela ausência de modelos de outros casais homossexuais. Assumir a vida como um casal gay, dividir, pagar contas, relações familiares, amigos, viver de forma visível nessa sociedade é uma tarefa inovadora e pós-moderna, que exige de todos nós novas atitudes diante dessa nova construção.

Estamos saindo de um modelo HOMOSSEXUAL estereotipado, caricato, para um modelo gay cidadão. Homens e mulheres que trabalham e constroem um mundo melhor, com parcerias, e com dignidade. A história é longa, cheia de turbulências. Abrir novos espaços, novos caminhos, mudar a cultura, tudo isso é uma tarefa árdua, difícil, pois mobiliza valores tradicionais daqueles que lutam para manter o status quo. E nesse momento, se não houver um esforço para a aceitação das diferenças, da diversidade de possibilidades de expressão do sujeito, as interações sociais podem tornar-se uma prática selvagem.

Maria Lúcia Pereira de Oliveira é mestre, psicóloga clínica e professora de psicologia

FONTE: JORNAL O POPULAR, dia 07/01/2011, p.13